Afinal, o que é Neuromodulação?
Dra. Nathália Helena Vieira Ribeiro | 04 de novembro de 2024
Dra. Nathália Helena Vieira Ribeiro | 04 de novembro de 2024
A neuromodulação é um campo da neurociência que se concentra em modular a atividade do sistema nervoso, seja para fins terapêuticos ou para aprimorar o desempenho cognitivo. Essa área utiliza diferentes técnicas para influenciar a atividade cerebral, incluindo a administração de medicamentos, a aplicação de campos magnéticos ou elétricos, e até mesmo o uso de dispositivos implantáveis que estimulam diretamente certas regiões do cérebro.
A neuromodulação não-invasiva, como o nome sugere, engloba as técnicas que não requerem procedimentos cirúrgicos para acessar o cérebro. Duas das principais modalidades de neuromodulação não invasiva são a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC). A EMT utiliza pulsos magnéticos para gerar correntes elétricas no cérebro, enquanto a ETCC aplica uma corrente elétrica de baixa intensidade através de eletrodos posicionados no couro cabeludo. Ambos procedimentos possuem baixíssimo risco, e não causam dor.
As técnicas de neuromodulação não invasiva têm se mostrado promissoras no tratamento de uma variedade de transtornos mentais, incluindo:
Depressão: A EMT e a ETCC têm sido extensivamente estudadas como alternativas para o tratamento da depressão, especialmente em casos que não respondem adequadamente aos tratamentos convencionais, como a farmacoterapia e a psicoterapia.
Transtorno de Ansiedade: Estudos indicam que a neuromodulação pode ser eficaz na redução dos sintomas de ansiedade, como a preocupação excessiva, a tensão muscular e as dificuldades de sono.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): A neuromodulação tem se mostrado promissora no tratamento do TOC, auxiliando na redução dos pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): A neuromodulação pode melhorar a atenção, o controle inibitório e a função executiva em pacientes com TDAH.
Dor Crônica: A neuromodulação pode ser utilizada para modular a percepção da dor, especialmente em casos de dor neuropática, fibromialgia e cefaleias crônicas.
A neuromodulação não invasiva oferece uma série de vantagens em relação aos tratamentos tradicionais, o que a torna uma solução inovadora para transtornos mentais. Algumas dessas vantagens incluem:
Menos efeitos colaterais: Comparada aos medicamentos, a neuromodulação não invasiva geralmente apresenta menos efeitos colaterais, tornando-a uma opção mais tolerável para muitos pacientes.
Tratamento personalizado: Os protocolos de estimulação podem ser ajustados de acordo com as necessidades individuais de cada paciente, levando em consideração o tipo de transtorno, a gravidade dos sintomas e a resposta ao tratamento.
Efeito duradouro: Em alguns casos, os benefícios da neuromodulação podem se estender além do período de tratamento, proporcionando uma melhora sustentada dos sintomas.
Desta forma, podemos dizer que a neuromodulação não invasiva representa uma nova fronteira no tratamento de transtornos mentais. Sua capacidade de modular a atividade cerebral de forma segura e personalizada, aliada aos seus potenciais benefícios a longo prazo, a torna uma alternativa promissora para pacientes que buscam alívio de seus sintomas e uma melhor qualidade de vida.
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