Terapia Cognitivo Comportamental
Autor: Nathália Helena Vieira Ribeiro | Publicado em: 06 de Janeiro de 2021
Cognição é uma função psicológica relacionada à aquisição do conhecimento e do desenvolvimento intelectual. A cognição se dá através de alguns processos, como: percepção, atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem.
A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é uma forma estruturada de terapia, que está ligada ao estudo e intervenção dos processos mentais que influenciam no comportamento de cada indivíduo e do seu desenvolvimento como pessoa.
A TCC parte, portanto, de três proposições fundamentais:
Os pensamentos influenciam nossos comportamentos;
Os pensamentos podem ser monitorados e alterados (pensar sobre os próprios pensamentos - metacognição);
O comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança dos pensamentos (crenças e percepções/significações).
Ou seja, nossos pensamentos afetam a forma como nós nos sentimos, e consequentemente, como agimos. Ao refletir sobre o conteúdo dos nossos pensamentos e avaliá-los de acordo com as evidências disponíveis, é possivelmente chegar a concluões menos emocionais e mais racionais e realistas.
Isso significa que a Terapia Cognitivo Comportamental pode te ajudar a encontrar soluções para seus problemas, trabalhando sua forma de pensar, sentir e agir no mundo. O maior objetivo da terapia é que você se desenvolva, e tenha seus sofrimentos sanados ou amenizados. Algo muito importante é que a TCC ensina você a resolver os seus problemas, desta forma, depois de algum tempo, você receberá alta e poderá ser “seu próprio terapeuta”! 😃
As sessões geralmente são semanais, e tem aproximadamente 50 minutos de duração. Durante a sessão, terapeuta e paciente decidem juntos quais assuntos abordar (sempre respeitando os limites dados pelo paciente), e uma descoberta guiada é realizada afim de que o paciente tenha mais consciência de seus processos. Ferramentas e técnicas são ensinadas pra que o paciente as coloque em prática em seu dia a dia.
10 Princípios da Terapia Cognitivo Comportamental
Busca pelo contínuo desenvolvimento do Cliente e de seus problemas com base em intervenções no seu processo cognitivo.
Requer uma aliança terapêutica segura, em que haja: cordialidade, empatia, atenção, respeito genuíno e competência.
Enfatiza a colaboração e participação ativa do Cliente: trabalho em equipe.
Visa à identificação e solução de problemas e é orientada para metas.
Inicialmente, enfatiza o presente: exame de problemas no aqui-e-agora.
A terapia cognitiva é educativa, visa ensinar o Cliente a ser o seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção à recaídas.
Visa ter um tempo limitado.
As sessões de psicoterapia são estruturadas.
Ensina os clientes a identificar, avaliar, e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais.
Utiliza uma variedade de técnicas para modificar pensamentos, estados emocionais e comportamentos.
Referência
BECK, Judith S. Terapia cognitivo-comportamental: Teoria e Prática. Artmed Editora, 2013.
A TCC muda o cérebro!
Autor: Nathália Helena Vieira Ribeiro | Publicado em: 13 de Janeiro de 2021
É isso mesmo que você leu! A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) tem o poder de MUDAR O CÉREBRO de pessoas deprimidas.
No cérebro deprimido, algumas regiões em rede, responsáveis pela nossa experiência emocional e de memória, sofrem alterações funcionais (por vezes até mesmo estruturais): o cíngulo (roxo e amarelo), as regiões do córtex frontal (azul) e a amígdala/hipocampo (rosa e laranja).
Estudos de imagens funcionais da depressão reconhecem alterações em dois sistemas distintos, mas interagindo entre si: um circuito "afetivo" ventral e um circuito dorsal "cognitivo" que envolvem as estruturas acima citadas.
Sugere-se portanto que, a TCC (que possui tanto estratégias cognitivas, quanto de regulação emocional e comportamental) atua trazendo mudanças que potencialmente NORMALIZAM a atividade cerebral prejudicada nestas áreas. Em essência, a TCC acaba por produzir um maior controle cognitivo e melhora da capacidade de regulação emocional do indivíduo!
Eu acho incrivelmente lindo como estes mecanismos terapêuticos permitem que, com atitudes estruturadas, molde-se novamente o cérebro para padrões mais saudáveis. Você não acha?
Referência
FRANKLIN, George; CARSON, Alan J.; WELCH, Killian A. Cognitive behavioural therapy for depression: systematic review of imaging studies. Acta neuropsychiatrica, v. 28, n. 2, p. 61-74, 2016.
Mindfulness: uma ferramenta de presença
Autor: Nathália Helena Vieira Ribeiro | Publicado em: 14 de Janeiro de 2022
Mindfulness é uma técnica milenar, referida como um estado mental caracterizado por "atenção total às experiências internas e externas conforme ocorrem no momento presente". A famosa sensação de estar presente no "aqui e agora". É uma das ferramentas que utilizamos associada à Terapia Cognitivo Comportamental (TCC).
Ao aprendermos a reconhecer as reações automáticas do nosso próprio organismo e abandonar padrões disfuncionais, é possível adquirir um novo mecanismo de enfrentamento ao estresse, ansiedade e depressão, além de ter um importante acréscimo à qualidade de vida.
Esta revisão sistemática demonstrou alterações neurobiológicas no cérebro a partir de um trieno de 8 semanas de prática de mindfulness. De acordo com o estudo: o córtex pré-frontal e o hipocampo demonstraram aumento de sua ativação, enquanto a amígdala demonstrou diminuição de sua atividade.
A amígdala é uma região do nosso cérebro relacionada à reação de luta ou fuga: ela agrega valor emocional à nossa percepção do mundo e funciona como um sistema de alerta pré-consciente. Isso quer dizer que, se uma ameaça for significativa, a amígdala responde em milissegundos, antes mesmo da nossa percepção consciente dos estímulos. Porém, nosso córtex préfrontal (região responsável pelo julgamento racional e previsão de consequências) é capaz de regular sua atividade.
Os resultados deste estudo sugerem que após 8 semanas de treinamento de mindfulness, esta prática induz importantes mudanças emocionais e comportamentais nos indivíduos, permitindo julgamentos mais racionais e menos emotivos.
Já pensou em inserir esta prática no seu dia a dia?
Referência
GOTINK, Rinske A. et al. 8-week mindfulness based stress reduction induces brain changes similar to traditional long-term meditation practice–a systematic review. Brain and cognition, v. 108, p. 32-41, 2016.